29 de novembro de 2009

talvez o sentido esteja em não haver sentido, esteja na simplicidade de ser. e estar.


é, talvez seja isso!

25 de novembro de 2009

um brinde aos olhos!


acho medíocre em trabalhos acadêmicos ter agradecimentos, por isso resolvi fazer um desenho que representasse o meu intenso pensar.

aos olhos! - em casos de dúvidas podem me perguntar -

hoje, a plena certeza do que são os olhos, um agradecimento sincero e muito significante pra mim.

...aos verdadeiros amigos que rezaram intensamente pela entrega desse tcc (dos infernos), saibam que a minha reza também será em dobro para vocês! Apesar de eu não ter conseguido entregar na data, hoje algumas pessoas aprenderam lições muito mais profundas do que o meio ponto perdido pelo atraso.


siga os olhos e não haverá decepções. rs (algo como a tal da música do mágico de oz..."fallow the yellow brick road")


*dedico essa imagem aos amigos que não poderão ver o tcc para poder conferi-la ao vivo e impressa.

15 de novembro de 2009

a mente não mente, bloqueio iminente

os parcos desenhos.


*retrato de uma repressão craniana feminina, enclausurada no envolto masculino

7 de novembro de 2009

bird

para hoje já não desejo mais as palavras
não desejo aquele velho desejo
gostaria de poder sentir a essência da intensidade novamente


sentir o calor do círculo que emana
ver a cor do corpo que ama
ter a ti em mim
e a mim em ti


hoje já não há mais tempo que se possa esperar
pois o clamor da urgência é irrefutável
assim como o meu corpo instável
em busca de ti





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1. leiam Mariana Alcoforado e as suas "Cartas Portuguesas". Depois se questione sobre o que é amor..rs


2. Mudo de opinião e não tenho vergonha


3. Conservo a opinião e sou teimosa mesmo. han!


4. O desenho é meu mesmo (caneta nanquim e photoshop)


5. Jorge Ben me anima.

29 de outubro de 2009

talvez, um ponto de vista. rs

eu não me importo que você seja assim, mártir dilacerado.
sinceramente não me importo.


não ligo se você capina os seus cabelos para chocar a si mesmo
se você se machuca para poder se acostumar com a dor


o mundo é deveras pesado para alguns seres


quando vi sua beleza, soube admirá-la, mesmo com todas as angústias que a são intrínsecas


soube admirar a sua harmonia sem mesmo a conhecere
quem se importa?
e quem se conhece?
nem ao certo sei quem sou!


pra mim não importa se você é leve como pena e eu fixa como as raízes de um cajueiro
que você mesmo amedrontado pelos traumas da vida, faz ocultar-se em fantasias
e eu, calar-me


eu, sinceramente, não me importo, pois sei que os seus motivos são verdadeiros e necessários para ti.


era isso o que eu queria dizer e não consegui. e não consigo.
palavras não fazem sentido. não sei usá-las...
nesse momento, me utilizo delas, pois são a única forma de me expressar. acredite.


não lhe tenho garantias, não posso dizer que também flutuarei por nuvens fantasiosas para negar a densa realidade
mas, tudo o que tenho, acredite, são sutis percepções demasiadamente abstratas para poderem ser descritas, mas essencialmente reais para poder negá-las


ofereço a ti sensações e a minha mais intensa e presente presença


o resto, só você pode fazer.
hoje, já não há mais sentido em fugir.


a elevação em demasia suspende, a realidade conduz, basta saber entendê-la.


não seja tão duro. afinal, é só uma forma de enxergar... a ti posso cheirar cocaína, a quem não a conhece, folha de coca.
é apenas o estado da matéria que define a sua descrição. a essência é sempre uma.

27 de outubro de 2009

a anemia do mundo

Sh.


silêncio


-------------------------------- ECO


o eco do silêncio ecoa
embora aqui dentro, garoa.


Não só pela ausência de um Ti,
mas pela imensidão perdida em Si.


encontrar-se é descobrir-se mudo
calar-se é um estado de anemia da alma.


O corpo mudo ecoa a anemia silenciosa do mundo






pingo
pingo
pingo





sem possibilidades de um fim

25 de setembro de 2009

sem forças no momento...


"a ladeira era como um lago que ia se formando, e sobre o primeiro fio de água, moedas de um real retorcidas, jogadas ao acaso por quem levava fé... mais adiante, a fundura do líquido, a alegria do homem, o acalanto do coração".


fragmentos de um sonho tranquilizador...

16 de agosto de 2009

sertão. sol. letra. telha. amor e barro.

dia 27 de maio de 1984, ela avistara pela primeira vez o seu futuro esposo. tinha apenas 7 anos, mas já sabia que aquele seria seu único e grande amor para toda a vida. passou todos os dias que viriam a frente até o dia de seu casamento a bordar, escrever e esperar o seu véio.


escrever poemas e histórias sobre o seu futuro amor era a sua atividade diária mais esperada, e assim foi até o dia de seu casamento. passava horas a imaginar como seria sua vida de casada, os seus filhos, netos e bisnetos, depois transcrevia todas as suas emoções e certezas para algum papel que encontrasse. guardava todas as suas anotações feitas com esmero e paciência em uma caixinha de madeira no fundo de seu armário e ficava a pensar nelas como se fossem uma recordação de algo que ainda nem acontecera.


casou-se aos 16 anos, ele tinha pouco mais. moraram durante um curto período numa casinha simples emprestada pelo pai do noivo, enquanto construíam a mais bonita casa que a cidade viria a ter.durante os dias, ele subia as paredes da casinha com os tijolos que sua véia fazia. aplicava todo o seu cuidado colocando tijolo a tijolo, e pensava estar pondo pequenas partes de si mesmo naquele abrigo do amor. a cada metro levantado sentia mais orgulho do que fizera, e então, continuava o seu trabalho mais empenhado e feliz.


durante a noite, após a higiene, ela acendia a lamparina na varanda da casa e lia novamente um poema por noite para relembrar dos sentimentos que jamais esquecera. logo ao amanhecer, quando iniciava os seu trabalho, carregava junto a si alguns dos antigos escritos presos nas ancas e caminhava durante horas para ir a beira do riacho colher barro para fazer as telhas e os tijolos da sua futura casa. voltava com as latas de barro, colocava-o na forma para fazer a matéria prima de seu abrigo. fazia nada mais que amor.


quando o barro ainda molhado, transcrevia suas cartas para as telhas e tijolos, como quem inscreve toda sua história e das suas futuras gerações para todo o mundo ver e aprender com o verdadeiro sentimento de pureza. fazia desenhos e escrevia, pintava e completava as telhas com todo empenho e fidelidade. sabia estar escrevendo o passado o presente e o futuro, todos os tempos de forma imutável.


a casa ficara pronta meses depois. os sentimentos de calor humano transpassados para o telhado e paredes da morada eram intensificados pela energia solar. no corpo ela já se faz latente, mas quando permite-se que ela entre em contato com o espiritual, torna-se evidente e pulsante. Mais bela que qualquer compreensão humana.

29 de julho de 2009

a comilança desenfreada dos pútridos abutres

Carcará, pega, mata e come.

assim, simples, porque carcará é bicho do mal e valentão e não quer saber de tua desgraça não

carcará vai engolir tudo o que houver nessse mundo, as pestes, as vestes e os ventres

mas carcará é bicho malvado, que judeia de mim e dos pintados

peço que chegue logo esse fim, pois eu já estou estrupiado

hoje o sangue pulsa sem parar e anseia o fim que não quer cessar... Carcará


pega
mata
come

13 de julho de 2009

para um certo (NADA)

uma delicada visão
aéreo como nuvem
desejei penetrar nas entranhas, e asssim como o ar
misturar-se.
mais do que amor
contagiei-me pela sua admirável calma
dissimulada em seu agressivo (NADA)

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só para relembrar o que não se pode esquecer, o que este ser mundano ainda não pode compreender.

4 de julho de 2009

Inspiração é saber que ainda há pessoas que trabalham por pessoas.

Com a modernização da vida, o ser humano perdeu sua característica essencial de sobrevivência, a fraternidade.

O homem, mais do que nunca, encontra-se trancado em seu mundo particular, deixa uma vida inteira passar sem nenhum propósito maior. Enclausura-se na clausura. Protege-se como pode dos perigos que as imensas cidades podem oferecer.

Mas toda essa clausura não seria uma forma de negar mais do que o outro, mas negar a si mesmo? – Repúdio enrustido sob a própria pele, sobre o próprio ser.

Creio na cultura e na arte como uma das únicas formas de levar o conhecimento às massas adormecidas pelo sono do descaso. A população brasileira dorme o sono da ignorância enquanto as nossas autoridades gozam sobre a desgraça do povo.

Não é interesse das nossas autoridades conduzir à transformação as massas tão homogêneas em seres realmente pensantes. Tudo é imposição. Cria-se uma felicidade constante, para que não possa emergir a realidade.

A arte. Ah, a arte... Os sábios pensadores do passado já proclamavam a plenitude. A arte é a mais pura, profunda e evoluída forma de educação do espírito.

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fragmentos de 2007, pensamentos ainda constantes.

18 de junho de 2009

escriturinhas de metrô

Naquele momento ouvira as peripécias do poeta sonoro stockhausen. O som da vida urbana coabitava na mesma caixa vital, mas sem anular a angustia poética.

O tilintar dos metais em contraponto com os atabaques africanos emergiam de uma atmosfera obscura e, colocavam-na, efemeramente, no estado sereno.

Ao fundo o piano agudo machuca os tímpanos do coração. São pontadas profundas que a cada estridência fazem-na relembrar das sensações torpes.

Mas ao final o poema completa o ciclo e abranda o questionar. A vida nunca cessa enquanto o ser não pára de buscar.



*ao som de "so far"

25 de maio de 2009

para isso não há título

Não me interessa o que você faz para ganhar a vida.

Quero saber o que você deseja ardentemente, se ousa sonhar em atender aquilo pelo qual seu coração anseia.

Não me interessa saber a sua idade.

Quero saber se você se arriscará a parecer um tolo por amor, por sonhos, pela aventura de estar vivo.

Não me interessa saber que planetas estão em quadratura com a sua lua.

Quero saber se tocou o âmago de sua dor, se as traições da vida o abriram ou se você se tornou murcho e fechado por medo de mais dor!

Quero saber se pode suportar a dor, minha ou sua, sem procurar escondê-la, reprimi-la ou narcotizá-la. Quero saber se você pode aceitar alegria, minha ou sua; se pode dançar com abandono e deixar que o êxtase o domine até a ponta dos dedos das mãos ou dos pés, sem nos dizer para termos cautela, sermos realistas, ou nos lembrarmos das limitações de sermos humanos.

Não me interessa se a história que me conta é a verdade.

Quero saber se consegue desapontar outra pessoa para ser autêntico consigo mesmo, se pode suportar a acusação de traição e não trair a sua alma. Quero saber se você pode ver beleza mesmo que ela não seja tão bonita todos os dias, e se pode buscar a origem de sua vida na presença de Deus. Quero saber se você pode viver com o fracasso, seu e meu, e ainda, à margem de um lago, gritar para a lua prateada: ‘Posso!’

Não me interessa onde você mora ou quanto dinheiro tem.

Quero saber se pode levantar-se após uma noite de sofrimento e desespero, cansado, ferido até os ossos, e fazer o que tem de ser feito pelos filhos.

Não me interessa saber quem você é e como veio parar até aqui.

Quero saber se você ficará comigo no centro do incêndio e não se acovardará.

Não me interessa saber onde, o quê, ou com quem você estudou.

Quero saber o que o sustenta a partir de dentro, quando tudo o mais desmorona.

Quero saber se consegue ficar sozinho consigo mesmo e se, realmente, gosta da companhia que tem nos momentos vazios.

Sonhador da Montanha Oriah - ancião índio americano

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*pela primeira vez publiquei algo que não seja meu, mas que apareceu em um dia que justamente essas questões insistiam em dilacerar o meu pensamento.

22 de maio de 2009

sonhos abortados


Os sonhos tiveram que ser abortados. Todos
Isso por conta da massacrante maioria que teima em tardar a evolução humana.

Nos sonhos já não há mais céus azuis, nem borboletas ou sublimação. Parece haver espaço apenas para o ter e o possuir.
Devaneio querer possuir a alva e etérea real sensação do prazer, pois a perenidade pertence, e não compra.


Abortamos os amores singelos e as sensações dos pequenos prazeres.
Devemos dar a nossa vida para a evolução. Por ela trabalho, por ela suporto o hoje.
Densa e espessa realidade a qual carregamos nas costas, levando uns aos outros, mas não conseguindo enxergar o benefício desse peso todo. Não conseguindo compreender quais serão os passos futuros.

Apesar de os sonhos terem sido abortados para esta geração, o mundo não se acabará tão breve, não ainda.

Aceitaremos a nossa condição de hoje para que em um futuro qualquer possamos desfrutar todo o nosso ardor em um plano mais elevado.

... Eles foram decapitados pelos cegos que teimam em prolongar a sua cegueira
Que trabalham em prol do caos de si mesmo, mas que um dia poderão ver a realidade sem esse tal véu tolhedor, e então, despertarão para o novo começar.

Os sonhos foram decapitados, mas nós ainda não. Não.

26 de abril de 2009

a semente de mim

Quando percebo-me o cérebro diluiu-se em explosão. Lá não sou mais aquela, nem a outra.

É quando me esfacelo e dilacero, quando encontro-me aos pedaços, que eu avisto o meu verdadeiro eu.

Desconstruo-me em uma miraculosa gama de cacos indecifráveis, e sei realmente o que sou.

Afugento todos os excessos, faço necrosar o que não sou. A dor da auto-mutilação é a recompensa por realmente entregar-se a si.

O que sobra?

A semente de mim.

O que dissipa?

A frouxa e desprezível derme tolhedora.


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ainda tento escrever coisas mais brandas e conduzir os meus pensamentos de forma mais bela. mas a vida é dura e nos impulsiona à profunda reflexão, que pouco-a-pouco, mostra os seus sintomas bruscos e irreversíveis

11 de abril de 2009

o que torna o amor tão raro para esta condição?

a semente é semeada no mais genuíno calor do amor
mas o fruto é ganancioso e não sabe ponderar

pobre homem que nasceu com o peito aberto
que cresceu a amar e fazer da vida um infinito chorar

ele não encontra a sua amada, mas ela o espera pacientemente sentada
ambos com corações verdadeiros
flagelados pelos que só querem as sensações passageiras

e assim ele vive a se fechar...

não ama pois não enxerga,
não fala pois pinta,
não vive pois ama.


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dramas da contemporaneidade - os ombros arqueiam-se carne a dentro*, impelindo todo e qualquer EFEITO de impacto. Simulacro, placebo massacrante.
*carne a dentro; quando muito elevado, no máximo alma. rs. mas isso só quando se sabe della....

25 de março de 2009

caixote com graxa

sinto-me triste neste momento, e por esse estado me igualo à multidão.

essa semana um rapaz louro pediu-me um beijo. ele também parecia muito triste; contou-me que nunca havia sido beijado.

vi a verdade em seus olhos caídos.

talvez se eu fosse pouco menos sincera teria lhe beijado, por compaixão, mas pensei que talvez iria piorar a situação do rapaz deformado.

sem reação contei-lhe a verdade, lhe confessei que eu esperava por um rapaz, e que eu não podia ajuda-lo.

não me olhou mais nos olhos, nem sequer disse o meu nome. trocou de mão a caixa de madeira suja de graxa e a encaixou no ombro. Abaixou a cabeça e saiu em busca de uma nova ilusão.

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eu não serei mais um dos seus bens de consumo. eu não desejo isso

nunca quis um blog por conta da minha inconstância. muito tempo depois, um postzinho...

histórias do meu dia-a-dia. quase sempre melancólicas, quase sempre indesejadas. rs

8 de março de 2009

o cão de flor

Alimentei o cão com flores, um ato poético.
Tão mais belo seria apossar-se por completo das essências sutis, que a putrefata carne que infecta o ambiente, já não consegue mais sentir.
Mais sublime ainda seria reduzir essa infundada realidade a mera ilusão. Mas a ficção se encarrega de ocupar-nos por inteiro, tão completo até que já não se possa mais sentir a insuportável dor do viver.
Reduzir-se. Atrofiar a existência a um casulo que protege e impele a vida da própria evolução. Sensação


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O retorno ao natural seria então o caminho da sublimação? – (Degradé)

28 de fevereiro de 2009

São indivíduos porque são divíduos!

o nosso corpo é demasiadamente fraco para suportar as exigências do espírito: ou renunciamos ao efêmero ou retardamos o complexo proceso evolutivo da alma


que título esclarecedor! - diacerados do mundo.

18 de fevereiro de 2009

No title

Quão bela és a sua energia
uma força, uma calma, um sentimento
algo atordoante a qualquer reles alma.

Olhos cristalinos, cabelos capinados
assim como outrora decapitados
pelos calmos pensamentos agitados

Envolto por estranheza e sublimação,
cria um menino para fazer-se ser,
algo que não és, um distúrbio.

Que magnífico este heterônimo de você
engraçado e amável,um ser incompreensível
almejando sentir o verdadeiro sentido da vida.

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mais um para a sessão de novas velharias...

velhos amores de hoje...

e constantes pensamentos

8 de fevereiro de 2009

frases

nem sempre tão constante

feliz e cintilante, brilha ao cantar

louca ou varrida, uma pedra é o que és

cabra-menina

que o macho se urina

cara arícia

uma mulher a se admirar.



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a certa hora ela me perguntara porque eu havia desenhado a sua boca azul, que isso era absurdo. (não gostei!)

então eu lhe respondi que a boca assim fora desenhada, pois era assim que eu a via.

26 de janeiro de 2009

Desenhos em perspectiva, sem perspectiva.

Hoje o enrugado senhor não veio ao terminal. Desenhar corpos nômades e desabitados de si mesmo é o que preenche a sua percepção de tempo.

Sempre curvado em sua prancheta com uma caneta pronta para capturar a próxima cena que lhe chamará a atenção. Como base sempre algumas linhas, um pouco tortuosas, dispostas em perspectiva; perspectiva essa inútil já que naquele lugar os objetivos parecem ser tão vagos.

Ele captura as pessoas que não param, que estão sempre a procurar. Alguns deles buscam um caminho, um rumo, quem sabe até o rumo de uma vida sem saídas. Aquela parece olhar ao redor em busca de um amor; tão tola, devia é olhar pra si mesma.

Hoje, o senhor japonês que ocupa o lugar do desenhista era o único que não parecia querer achar nada. Ele passava as suas manhãs ali, junto ao desenhista, esperando apenas o incandescente voar do tempo... Como um suicida. Mas não esses suicidas comuns, um suicida paciente. (mas que ironia).

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Que engraçado, certa vez uma pessoa muito próxima a mim - não próxima em quantidade de horas, mas em estágio de evolução - disse que eu cantava todas as músicas em um ritmo próprio, não importa o que for, funk ou ópera (adoro cantar óperas), todas tem o mesmo ritmo. Eu sempre transponho elas para a minha realidade.
Talvez seja por isso que as pessoas passam pelo mesmo lugar que eu e não veem o que eu vejo. Tudo faz parte da minha realidade.

21 de janeiro de 2009

Fu, fur, furinho - côncavo humano



um, dois, três, quatro cinco, seis, sete, oito, nove, dez.
dez dedos.
eu tenho cinco dedos no pé esquerdo, mais cinco no direito.

as unhas são azuis neste momento, sendo que o terceiro dedo do pé esquerdo tem uma pequena falha no esmalte; isso deve ter acontecido quando eu coloquei a meia...

Desfaço-me deste pensamento e subo o olhar...

o céu está suavemente azulado, e o sol já vai se por.
se não fosse pela poluição e por tantos prédios essa deveria ser uma cena bonita.

olha, um beija-flor!
acho que ele já se acostumou com a minha presença. sequer liga se eu estou lhe olhando ou se apenas faço parte da paisagem.

é, talvez essa existência seja insignificante....

Pego a maçã que estava ao meu lado, apoiada na mesa amarela, a qual eu estava sentada.

como eu gosto de maçã!
é uma fruta tão elaborada; tem a quantidade certa de açúcar para que não seja nem tão doce, nem tão desprezível.
de onde será que sai tanta água da maçã?

Fiquei alguns minutos a observar. . .

A fruta permite ser saboreada de forma completa; leva uma vida toda para um único desfrute. Isso não pode ser desperdiçado.

Dentre o sulco carnudo do fruto, e as deliciosas sensações oferecidas, pode-se perceber uma infinita porção de minúsculos furinhos. É lá! É lá que a fruta agrupa milhões de moléculas de água, nos furinhos!

Doces pingos frutíferos

A sensação do permitir-se, de experimentar os sentidos é tão libertina, basta um estopim.
O perceber desdobra-se em uma miraculosa gama de sensações fantasiosas, o pensamento liberta-se das amarras do psicológico e entra na quimera dos delírios. Ah! Nessa hora, o você, o ser que vê o mundo de frente, já não importa, é secundário. O que se deseja apenas é mergulhar mais e mais.

Perdido por perdido já somos, pois o decorrer da história não nos foi contado. Que ao menos este momento seja de descobertas e, conclusivamente de libertação.



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Costumo contar os dedos dos pés. Curiosamente ontem vi uma mulher sem o dedão do pé direito, ou esquerdo. Não sei. Um dos dois pés, porque eu sempre confundo direito com esquerdo e esquerdo com direito.
Hoje eu entendi que poucos podem entender o que eu falo. (rs)

17 de janeiro de 2009

uma casa de vidro


a cada dia que passa eu me isolo mais
e o que é pior,
não tenho mais medo disso

crio uma redoma translúcida
na minha realidade inóspita
onde o humano, não há de habitar

cheguei a um ponto sem volta
onde o hermetismo de minhas idéias
já é demasiadamente fútil perante as futilidades ainda maiores

sinto-me agora pouco melhor
pois sei que eles não me terão
encontro-me em um ponto, onde as volúpias da irrealidade
tornam-se mais concretas que os devaneios dessa sociedade

assim eu me refugio
me guardo
até parei de falar
de ouvir o ensurdecedor

agora sou apenas eu

resta um
partido em dois
faces similares de um mesmo Composto
exposto, apenas exposto





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Não ouvirei beatles só para te agradar ou para ter assunto
Gosto do silêncio
Aliás, prefiro!
Aí sim, pode-se dizer muito mais com os olhos
Ah os olhos, mas isso é outra história...

Conto inventado, que há de ser declamado, para que os olhos, estes globos incandescentes, possam pousar serenamente

8 de janeiro de 2009

Rubis e esmeraldas

Hoje eu me sentei ao lado de uma senhora no metrô, tão suja e tão digna quanto pudesse. Os seus adjetivos a afastavam das outras pessoas.

Vi uma pedra preciosa de esmeralda incrustada na antiga cobertura da face.

Os rubis das unhas já não lhe valiam um tostão sequer, mas as mãos cansadas, ainda se esforçavam para carregar um velho saco de coisas vendáveis.

As ranhuras da face ainda não me habitam, e talvez nem cheguem a estampar este rosto dito harmonioso; mas o coração, o sinto às vezes, tão antigo e estafado quanto a expressão daqueles que deste mundo já viram a pior das pobrezas se repetir todos os dias.






Eu não sou daqui, juro que não.

5 de janeiro de 2009

Ah, a evolução...

Banksy - o cara!


A pintura rupestre é considerada pelo homem moderno uma forma de expressão artística. Segundo a ciência atual, pode-se detectar que esses desenhos foram feitos a milhões de anos atrás, por homens primitivos, em cavernas e grutas em diversos países do mundo.

A caracterização dessas pinturas se dá principalmente pela limitada quantidade de cores utilizadas, já que estas eram feitas apenas com excrementos, sangue, pedra moída ou sementes colorantes; e também pela presença de animais selvagens e demonstração de rituais. Considerando que os homens desta época não tinham um sistema de escrita desenvolvido, estes, utilizavam os desenhos como uma forma de comunicação.

Acredita-se que essas pinturas e gravuras encontradas em rochas e cavernas, foram feitas com o intuito de expressar artisticamente os fatos e os medos que o homem vivia naquela época. (cerca de 2 milhões de anos atrás, baby)

Assim como as pinturas rupestres caracterizam a forma de expressão humana no período dito primitivo, a pixação e o graffiti são a marca inexorável de uma sociedade que se diz altamente evoluída, mas que a cada dia torna-se mais rudimentar.

O homem moderno, já há muito tempo deixou de ser primitivo, mas ainda permite que os instintos, brutos, prevaleçam perante a própria humanidade. Mais do que nunca, o homem passa a ser egoísta, a voltar-se apenas para a sua própria sobrevivência, cada um em sua luxuosa caverna (só que agora, de preferência, longe das “pinturas”). rs . A diferença? A consciência do ato.

Se o pixo deve ser mudado, isso não pode ocorrer por meio de repreensão, mas sim por uma re-evolução na sociedade a qual vivemos. Se a sociedade encontra-se em caos é porque os papéis dos personagens foram invertidos: antes tínhamos um governo conservador e uma sociedade libertina, em busca de seus ideais; hoje, os ditos cidadãos, pois se é que há cidadania, não passam de pilhas de carne humana que se acumulam em meio ao lixo tecnológico, muito conservadores, e acomodados em seu transitório bem-estar.


A contestação por parte de uma minoria é impreterível, quando se leva em conta o caos vivido por uma maioria invisível.


Feliz Ano Novo, com direito ao kit paz e muito cinismo.
 
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