21 de janeiro de 2009

Fu, fur, furinho - côncavo humano



um, dois, três, quatro cinco, seis, sete, oito, nove, dez.
dez dedos.
eu tenho cinco dedos no pé esquerdo, mais cinco no direito.

as unhas são azuis neste momento, sendo que o terceiro dedo do pé esquerdo tem uma pequena falha no esmalte; isso deve ter acontecido quando eu coloquei a meia...

Desfaço-me deste pensamento e subo o olhar...

o céu está suavemente azulado, e o sol já vai se por.
se não fosse pela poluição e por tantos prédios essa deveria ser uma cena bonita.

olha, um beija-flor!
acho que ele já se acostumou com a minha presença. sequer liga se eu estou lhe olhando ou se apenas faço parte da paisagem.

é, talvez essa existência seja insignificante....

Pego a maçã que estava ao meu lado, apoiada na mesa amarela, a qual eu estava sentada.

como eu gosto de maçã!
é uma fruta tão elaborada; tem a quantidade certa de açúcar para que não seja nem tão doce, nem tão desprezível.
de onde será que sai tanta água da maçã?

Fiquei alguns minutos a observar. . .

A fruta permite ser saboreada de forma completa; leva uma vida toda para um único desfrute. Isso não pode ser desperdiçado.

Dentre o sulco carnudo do fruto, e as deliciosas sensações oferecidas, pode-se perceber uma infinita porção de minúsculos furinhos. É lá! É lá que a fruta agrupa milhões de moléculas de água, nos furinhos!

Doces pingos frutíferos

A sensação do permitir-se, de experimentar os sentidos é tão libertina, basta um estopim.
O perceber desdobra-se em uma miraculosa gama de sensações fantasiosas, o pensamento liberta-se das amarras do psicológico e entra na quimera dos delírios. Ah! Nessa hora, o você, o ser que vê o mundo de frente, já não importa, é secundário. O que se deseja apenas é mergulhar mais e mais.

Perdido por perdido já somos, pois o decorrer da história não nos foi contado. Que ao menos este momento seja de descobertas e, conclusivamente de libertação.



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Costumo contar os dedos dos pés. Curiosamente ontem vi uma mulher sem o dedão do pé direito, ou esquerdo. Não sei. Um dos dois pés, porque eu sempre confundo direito com esquerdo e esquerdo com direito.
Hoje eu entendi que poucos podem entender o que eu falo. (rs)
 
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