26 de janeiro de 2009

Desenhos em perspectiva, sem perspectiva.

Hoje o enrugado senhor não veio ao terminal. Desenhar corpos nômades e desabitados de si mesmo é o que preenche a sua percepção de tempo.

Sempre curvado em sua prancheta com uma caneta pronta para capturar a próxima cena que lhe chamará a atenção. Como base sempre algumas linhas, um pouco tortuosas, dispostas em perspectiva; perspectiva essa inútil já que naquele lugar os objetivos parecem ser tão vagos.

Ele captura as pessoas que não param, que estão sempre a procurar. Alguns deles buscam um caminho, um rumo, quem sabe até o rumo de uma vida sem saídas. Aquela parece olhar ao redor em busca de um amor; tão tola, devia é olhar pra si mesma.

Hoje, o senhor japonês que ocupa o lugar do desenhista era o único que não parecia querer achar nada. Ele passava as suas manhãs ali, junto ao desenhista, esperando apenas o incandescente voar do tempo... Como um suicida. Mas não esses suicidas comuns, um suicida paciente. (mas que ironia).

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Que engraçado, certa vez uma pessoa muito próxima a mim - não próxima em quantidade de horas, mas em estágio de evolução - disse que eu cantava todas as músicas em um ritmo próprio, não importa o que for, funk ou ópera (adoro cantar óperas), todas tem o mesmo ritmo. Eu sempre transponho elas para a minha realidade.
Talvez seja por isso que as pessoas passam pelo mesmo lugar que eu e não veem o que eu vejo. Tudo faz parte da minha realidade.

 
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