25 de maio de 2009

para isso não há título

Não me interessa o que você faz para ganhar a vida.

Quero saber o que você deseja ardentemente, se ousa sonhar em atender aquilo pelo qual seu coração anseia.

Não me interessa saber a sua idade.

Quero saber se você se arriscará a parecer um tolo por amor, por sonhos, pela aventura de estar vivo.

Não me interessa saber que planetas estão em quadratura com a sua lua.

Quero saber se tocou o âmago de sua dor, se as traições da vida o abriram ou se você se tornou murcho e fechado por medo de mais dor!

Quero saber se pode suportar a dor, minha ou sua, sem procurar escondê-la, reprimi-la ou narcotizá-la. Quero saber se você pode aceitar alegria, minha ou sua; se pode dançar com abandono e deixar que o êxtase o domine até a ponta dos dedos das mãos ou dos pés, sem nos dizer para termos cautela, sermos realistas, ou nos lembrarmos das limitações de sermos humanos.

Não me interessa se a história que me conta é a verdade.

Quero saber se consegue desapontar outra pessoa para ser autêntico consigo mesmo, se pode suportar a acusação de traição e não trair a sua alma. Quero saber se você pode ver beleza mesmo que ela não seja tão bonita todos os dias, e se pode buscar a origem de sua vida na presença de Deus. Quero saber se você pode viver com o fracasso, seu e meu, e ainda, à margem de um lago, gritar para a lua prateada: ‘Posso!’

Não me interessa onde você mora ou quanto dinheiro tem.

Quero saber se pode levantar-se após uma noite de sofrimento e desespero, cansado, ferido até os ossos, e fazer o que tem de ser feito pelos filhos.

Não me interessa saber quem você é e como veio parar até aqui.

Quero saber se você ficará comigo no centro do incêndio e não se acovardará.

Não me interessa saber onde, o quê, ou com quem você estudou.

Quero saber o que o sustenta a partir de dentro, quando tudo o mais desmorona.

Quero saber se consegue ficar sozinho consigo mesmo e se, realmente, gosta da companhia que tem nos momentos vazios.

Sonhador da Montanha Oriah - ancião índio americano

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*pela primeira vez publiquei algo que não seja meu, mas que apareceu em um dia que justamente essas questões insistiam em dilacerar o meu pensamento.

22 de maio de 2009

sonhos abortados


Os sonhos tiveram que ser abortados. Todos
Isso por conta da massacrante maioria que teima em tardar a evolução humana.

Nos sonhos já não há mais céus azuis, nem borboletas ou sublimação. Parece haver espaço apenas para o ter e o possuir.
Devaneio querer possuir a alva e etérea real sensação do prazer, pois a perenidade pertence, e não compra.


Abortamos os amores singelos e as sensações dos pequenos prazeres.
Devemos dar a nossa vida para a evolução. Por ela trabalho, por ela suporto o hoje.
Densa e espessa realidade a qual carregamos nas costas, levando uns aos outros, mas não conseguindo enxergar o benefício desse peso todo. Não conseguindo compreender quais serão os passos futuros.

Apesar de os sonhos terem sido abortados para esta geração, o mundo não se acabará tão breve, não ainda.

Aceitaremos a nossa condição de hoje para que em um futuro qualquer possamos desfrutar todo o nosso ardor em um plano mais elevado.

... Eles foram decapitados pelos cegos que teimam em prolongar a sua cegueira
Que trabalham em prol do caos de si mesmo, mas que um dia poderão ver a realidade sem esse tal véu tolhedor, e então, despertarão para o novo começar.

Os sonhos foram decapitados, mas nós ainda não. Não.
 
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