25 de março de 2009

caixote com graxa

sinto-me triste neste momento, e por esse estado me igualo à multidão.

essa semana um rapaz louro pediu-me um beijo. ele também parecia muito triste; contou-me que nunca havia sido beijado.

vi a verdade em seus olhos caídos.

talvez se eu fosse pouco menos sincera teria lhe beijado, por compaixão, mas pensei que talvez iria piorar a situação do rapaz deformado.

sem reação contei-lhe a verdade, lhe confessei que eu esperava por um rapaz, e que eu não podia ajuda-lo.

não me olhou mais nos olhos, nem sequer disse o meu nome. trocou de mão a caixa de madeira suja de graxa e a encaixou no ombro. Abaixou a cabeça e saiu em busca de uma nova ilusão.

-----------------------------------------------------------

eu não serei mais um dos seus bens de consumo. eu não desejo isso

nunca quis um blog por conta da minha inconstância. muito tempo depois, um postzinho...

histórias do meu dia-a-dia. quase sempre melancólicas, quase sempre indesejadas. rs

8 de março de 2009

o cão de flor

Alimentei o cão com flores, um ato poético.
Tão mais belo seria apossar-se por completo das essências sutis, que a putrefata carne que infecta o ambiente, já não consegue mais sentir.
Mais sublime ainda seria reduzir essa infundada realidade a mera ilusão. Mas a ficção se encarrega de ocupar-nos por inteiro, tão completo até que já não se possa mais sentir a insuportável dor do viver.
Reduzir-se. Atrofiar a existência a um casulo que protege e impele a vida da própria evolução. Sensação


----------------------------------------------------------

O retorno ao natural seria então o caminho da sublimação? – (Degradé)
 
Template by suckmylolly.com