21 de setembro de 2011

A cor das coisas

Abriu então a caixinha miraculosa. De lá resplandecera uma luz em tons múltiplos que imitavam os reflexos infantis dos cristais.

Ela olhou com graça as preciosidades que ali estavam guardadas e escolheu uma daquelas coisinhas pequeninas da cor rosa, a qual durante algum tempo olhou com olhos de curiosidade e admiração, até que por um impulso, ela a guardou novamente. Repetiu o ato inúmeras vezes, cada vez retirando uma pecinha de cor diferente, uma mais preciosa que a outra, uma mais reluzente que a outra. Elas eram a representação da perfeição.


Foi quando de forma quase que desastrosa um homem lhe esbarrou. A moça jogou as mãos para o alto e a preciosa caixinha de coisas voou. Quanta tristeza! O homem ficou inconsolável ao ver toda aquela riqueza espalhada pelo chão da cidade cinza. A moça tentou consolá-lo, tentando mostrar-lhe que toda aquela riqueza só faria sentido se todos que tivessem tristes também pudessem a ver. Falou-lhe que o escuro da caixinha só apagava a boniteza delas.

E então, o homem questionou o porquê a moça guardava com tanto esmero aquelas coisinhas na caixa. E então, ela o respondeu que estava esperando juntar a última pecinha daquela coleção para espalhá-las pela cidade afora, mas como elas, que têm vontade própria,  quiseram pairar por aí afora antes, ela estava igualmente alegre, pois a vontade delas havia sido concretizada.

A partir daquele dia, o pobre homem cinza também se apaixonou pela cor das coisas e passou a pulverizá-las por todos os cantos que passava. E as pecinhas, ganharam o mundo afora para alegrar almas. Conta-se, que por muitas vezes e por muitos anos pessoas erradas as aprisionaram em caixinhas, tentado sorver aquela riqueza, mas sempre, sempre elas ganharam novamente o mundo para voar.
 
Template by suckmylolly.com