2 de abril de 2010

a poesia do homem negro

enquanto honrosas pessoas espantavam-se com o aspecto repugnante do indigente, senhouras digníssimas de título de santidade, rezavam em seus terços, pedindo um fim trágico àquela figura pútrida e indigna de coabitar aquele espaço.

o ar, embebido por sentimento de piedade católica, não permitiu que fosse transparecida a revolta arrotada pelos presságios daquele ser primitivo. dentro de sua protozoária evolução não havia espaço para as vácuas palavras proferidas pelo Senhor.

foi então, que o trôpego homem revoltou-se pelas cinco gerações que contribuíram para a calmaria daquele momento, e convulsionou o último grito antes da loucura:
"a gente quer a sua poesia pra falar que foi o homem branco que fez".
 
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